Terra
sem uma gota
de céu.
Tão pequenas
a infância, a terra.
Com tão pouco
mistério.
Chamo às estrelas
rosas.
E a terra, a infância,
crescem
no seu jardim
aéreo.
Transmutação
do sol em oiro.
Cai em gotas,
das folhas,
a manhã deslumbrada.
Chamo
a cada ramo
de árvore
uma asa.
E as árvores voam.
Mas tornam-se mais fundas
as raízes da casa,
mais densa
a terra sobre a infância.
É o outro lado
da magia.
E a nuvem
no céu há tantas horas,
água suspensa
porque eu quis,
desmorona-se e cai.
Caem com ela
as árvores voadoras.
Céu
sem uma gota
de terra.
in “Cantata” | 1960