Parque dos Poetas
Parque dos Poetas
Ex-Libris de Oeiras
O Parque dos Poetas é um equipamento único situado em Oeiras e cujas circunstâncias geográficas, ambientais e culturais o transformam num dos maiores e mais belos do mundo. É uma grande metáfora a céu aberto, a matéria prima de um grande poema cujos versos foram tecidos e escritos no diálogo perfeito entre paisagem, poesia e escultura.
O projeto remonta a 20 de maio de 1995 quando na Galeria Verney se encontram dois vultos da cultura portuguesa: David Mourão Ferreira e Francisco Simões. A partir de uma exposição conjunta da obra destes dois mestres da cultura portuguesa construiu-se uma relação de amizade e uma ideia: associar a poesia e a escultura num tributo à cultura portuguesa do século 20. Algo que constituísse uma marca distintiva do Concelho de Oeiras e que representasse uma homenagem ao legado que poetas e artistas plásticos transmitiam às novas gerações de portugueses.
O século 20 foi apenas o ponto de partida de uma viagem maior que palmilha vários séculos e vários autores, incluindo, neste grupo, todos os de expressão em língua portuguesa, da chamada diáspora e que originaria termos como lusofonia, cujo caráter polémico levanta questões, de que estamos cientes, mas que não nega a contaminação de um património linguístico que é marca genética dos povos.
Os 22,5 hectares que constituem este projeto arrojado são o resultado deste sonho e de um legado de palavras, lavradas a pulso, por um conjunto de 60 poetas que desenham um mapa que percorremos desde os Trovadores, do Renascimento e de uma das suas figuras maiores, Luís Vaz de Camões, até ao século XX, com poetas como Fernando Pessoa, Ruy Belo, Alexandre O’Neill, Sophia de Mello Breyner Andresen ou Natália Correia, para citar apenas alguns dos mais conhecidos.
Existe todo um universo para conhecer e colher num enorme tecido de poemas escrito a diversas mãos, ao longo dos séculos, e que forma um livro, a grande escala, que se lê nas lajes do chão, nas instalações escultóricas, nas edificações diversas, nos anfiteatros e em todos os elementos fundidos com a natureza. A árvore é a grande estrutura simbólica que percorre este verdadeiro Museu ao Ar Livre. Cada folha representa o microcosmo do poeta e das suas significações. A árvore, as pedras, as águas constituem o Bosque dos Símbolos onde a palavra poética se concretiza e onde a natureza do mundo, do Homem e das suas representações, ânsias, sonhos, angústias, dramas se concretizam.
Ainda assim, e apesar de tudo o que se possa dizer, nenhuma descrição dispensa a fruição estética e a vivência poética deste lugar. O que cada um sente nesta Acrópole que reúne, como uma grande Ágora, uma Assembleia de Vozes, entre poetas, escultores, operários, arquitetos, paisagistas. Os fazedores do sonho.
A própria história deste equipamento, o sítio escolhido para a sua construção, carrega já consigo uma memória com muitas texturas poéticas que se alongam desde o planalto, numa terra onde existiam antigos campos de searas e pastagens e que desce até à zona ribeirinha, o mar aberto, como guia de navegação.
No alto, naquilo que era designado como Morro do Puxa Feixe, ergue-se o Templo da Poesia, como uma grande catedral branca, luminosa. Constitui um marco visual e uma referência orientadora de todo o parque e envolvente devido às suas formas singulares, posicionamento estratégico e sinalização luminosa, assemelhando-se a um farol ou navio, com um enorme terraço virado para a entrada do Tejo e as fortificações marítimas. Um Templo grego à maneira clássica, num monte erguido sobre o oceano e religando todas as coisas, toda a vida que floresce e habita não só o Parque, mas que se metamorfoseia a cada minuto, criando novas semióticas e novos territórios.
A simbologia, a experiência simultaneamente de interioridade e exterioridade que se sente, é não só mística, com traços de religiosidade, mas, também, profundamente humana, profana e poética. É o espaço sagrado ideal para prestar culto à poesia, essa grande musa que constitui a primeira forma de discurso sobre o mundo e a mais verdadeira. A que constrói a imaterialidade das emoções e da vida e lhe dá corpo. A que fala com mais propriedade da nossa humanidade finita e efémera e lhe dá um sentido.
Venha visitar o Parque dos Poetas. Celebre a vida intensamente. A poesia anda por aqui.
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Parque dos poetas
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