Fica longe o sol que vi,
aquecer meu corpo outrora…
Como é breve o sol daqui!
E como é longa esta hora…
Donde estou vejo partir
quem parte certo e feliz.
Só eu fico. E sonho ir,
rumo ao sol do meu país…
Por isso as asas dormentes,
suspiram por outro céu.
Mas ai delas! tão doentes,
não podem voar mais eu…
que comigo, preso a mim,
tudo quanto sei de cor…
Chamem-lhe nomes sem fim,
por todos responde a dor.
Mas dor de quê? dor de quem,
se nada tenho a sofrer?…
Saudade?…Amor?…Sei lá bem!
É qualquer coisa a morrer…
E assim, no pulso dos dias,
sinto chegar outro Outono…
passam as horas esguias,
levando o meu abandono…
Alda Lara in ‘Poemas’