Tenho assaz conservado o rosto enxuto
Contra as iras do Fado omnipotente;
Assaz contigo, ó Sócrates, na mente,
À dor neguei das queixas o tributo.
Sinto engelhar-se da constância o fruto,
Cai no meu coração nova semente;
Já me não vale um ânimo inocente;
Gritos da Natureza, eu vos escuto!
Jazer mudo entre as garras da Amargura,
D’alma estóica aspirar à vã grandeza,
Quando orgulho não for, será loucura.
No espírito maior sempre há fraqueza,
E, abafada no horror da desventura,
Cede a Filosofia à Natureza.
In ‘Rimas’